terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

NAVE FLUORESCENTE - rubens aredes




http://navefluorescente.tumblr.com/

O Espetáculo ‘Nave Fluorescente’ nasce da busca por um formato de trabalho por fora dos palcos e das gravações de discos, explorando possibilidades que a tecnologia de som, vídeo e internet pode proporcionar. Nasce também da vontade de dialogar com as possibilidades da música eletroacústica, algo inédito para mim, que pudesse inaugurar uma nova fase na minha carreira de cantor. Acabo por fazer um espetáculo que mescla elementos de performance, instalação e show de música.
A principal fonte de inspiração foram as leituras sobre a ‘Casa da Tia Ciata’, no Rio de Janeiro, início do século passado. Considerada por muitos musicólogos e historiadores da MPB como o berço da música popular brasileira, a Casa da Tia Ciata ficou conhecida por reunir todas as raças e classes sociais em festas musicais. Havia, a partir da arquitetura da casa, uma divisão sócio musical: Na sala de estar aconteciam as valsas, polcas e modas, numa formação instrumental que depois deu origem ao chorinho; na sala de jantar acontecia o samba antigo enquanto no terreiro dos fundos uma batucada. Tudo ao mesmo tempo.
Daí surge a ideia: realizar um espetáculo musical em uma casa, em que cada músico está em um cômodo diferente enquanto eu posso circular pela casa conduzindo o público. Todos (nós, músicos) estamos ligados por um sistema de retorno de som auricular, por um sistema de vídeo com a captura individual da imagem de cada um e transmissão ao vivo para televisores instalados na sala de estar. O resultado da mixagem do som ao vivo também é lançado na sala de estar em PAs junto aos televisores. Nos demais ambientes da casa, o público pode experimentar a mixagem promovida pela arquitetura da própria casa a partir dos vazamentos sonoros da sala de estar e dos cômodos com seus músicos.
Havia um tempo em que eu queria abordar assuntos do cotidiano das pessoas e das relações humanas. Acabo por refletir os espaços domésticos. O que significa o quarto? O local da intimidade, do amor, da solidão, onde estamos a sós e de frente para quem realmente somos. A sala de visitas? Poderia ser o local das máscaras sociais que usamos todos os dias?
Deste ponto de partida, selecionei o repertório, procurando cada um dos compositores. Todos de Belo Horizonte, entendendo que BH é a minha casa. São Gustavo Amaral, Kristoff Silva, Luiz Gabriel e Luna Mattos. Selecionei canções que cumprissem o papel da reflexão sobre o espaço de moradia. Quando Titane chegou, a diretora geral do espetáculo, outros elementos foram aparecendo e resolvemos investir e ampliar o tema, rumo a uma dramaturgia mais definida. Apoiados no repertório escolhido, acabamos por refletir sobre a relação do tempo na vida humana. O passado, o presente e o futuro na construção do íntimo de cada um de nós e das nossas relações. Isso transformou a casa, que é a nave fluorescente, na casa de todo mundo, uma casa de família tradicional e ao mesmo tempo uma casa de baile de bordel. Uma casa que é a cidade, que é o mundo, o universo.
O nome ‘Nave Fluorescente’ surgiu da música ‘Planeta Coração’, de Luna Mattos, que abre o espetáculo. Nesta música, todo lugar do universo, onde for possível amar, é a nossa casa.
O Espetáculo, produzido com os recursos da Lei Municipal de Incentivo à Cultura de Belo Horizonte - Fundo de Projetos Culturais, estreia dia 16 de março e fica em cartaz nos dias 17, 18, 24, 25 e 26 (sex, sab., dom.) no Espaço Fluxo, no bairro Santa Tereza, todos os dias as 19 e 30 horas.
A concepção é minha. A direção geral é de Titane. A direção musical de Leandro César. Os músicos que me acompanham são Leandro César (violão), Gustavo Amaral (baixo acústico), Adriano Goyatá (bateria) e Pedro Durães (programação eletroacústica).
Canto músicas de Gustavo Amaral, Kristoff Silva, Luna Mattos e Luis Gabriel. Produção Rodrigo Jerônimo e Rubens Aredes. Projeto de som de André Cabelo. Projeto de Vídeo Cris Ventura e Davi Fuzzari. No espetáculo ainda recebemos a ilustre visita de Luiz Gabriel com quem tenho o prazer de cantar uma canção.
Espero todos lá em casa, na Nave Fluorescente.
Um grande abraço.
Rubens Aredes